quarta-feira, 27 de julho de 2011

Pensando a prática: PNEs

1. Desenvolver uma história utilizando símbolos da comunicação aumentativa alternativa:
* As pranchas apresentam imagem, símbolos, ideias através da qual não é necessário saber ler e escrever, é possível elaborar histórias a partir da união destas imagens, ou responder questionamentos apontando, olhando, fazendo gestos, emitindo sons, dentro de suas possibilidades.
* Selecionar algumas imagens, pranchas comunicativas através do site http://www.autistas.org/pecs.htm; ou a partir do programa da prancha livre. A atividade consta da elaboração de uma frase ou pequeno texto em um editor de textos/apresentações sobre algo significativo em sua trajetória escolar.

  1. Áudio-livro
* Utilizando o programa Audacity que serve para gravação de sons, sintetização, inclusão de falas ou exclusão, elaborar um áudio-livro colaborativo, escolher ou elaborar uma história na qual diferentes personagens farão sua fala, após a gravação editar o conteúdo formando um livro auditivo que pode ser utilizado com diferentes sujeitos.

3. Com recursos da internet



            A ideia foi vislumbrada a partir da navegação no site acima descrito, no qual será realizada uma atividade, porém esta proposta pode ser transferida e adaptada utilizando as ferramentas propostas pela tecnologia assistiva o CAA- Comunicação Aumentativa e Alternativa (recursos impressos e transformados em cartões/fichas que facilitem o manuseio).

Período de desenvolvimento da atividade:
01 período letivo de 50 ou 60 minutos (no laboratório de informática)
01 período letivo de 50 ou 60 minutos, com as fichas da tecnologia assistiva CAA
01 período letivo de 50 ou 60 minutos, com os blocos lógicos

2. Características sensório-cognitivas exigidas para a realização da atividade:
* memória e percepção visual;
* compreensão espacial identificando o lugar de cada objeto/ser;
* desenvolvimento motor de uma das mãos, ou alguns dedos;
* atenção;
* concentração;
* espacialidade;
* noções de antecessor e sucessor.

3. Habilidade a ser desenvolvida:
* memória e sequência lógica, compreendendo onde é o lugar e qual a posição correta de cada animal (no jogo escolhido);
* organização espacial;
* sequência lógica.

4. Objetivos:

* aprimorar a destreza ótico manual, desenvolvendo a capacidade de raciocínio lógico ao construir sequências, organizando espacialmente cada objeto/ser;
* potencializar momentos para aprimorar a capacidade organizativa, compreendendo o local, a posição e as características de cada ser/objeto.

5. Conteúdo:
Antecessor e sucessor;
  • Ordem espacial;
  • Classificação.
6. Desenvolvimento da atividade:
Na sala de informática:
* guiar os alunos até a sala de informática da escola;
* conectar os computadores no site acima sugerido e explorar juntamente com os alunos a proposta de atividade ali exposta;
* conversar sobre o que é uma sequência e esclarer como funciona a atividade virtual;
* realizar o jogo atentando para a formação de sequências.

Na sala de aula com as fichas adaptada a partir da tecnologia assistiva CAA:
* ordenar as fichas conforme seus princípios: alimentação, higiene, substantivos, atitudes de cortesia;
* separá-las conforme regras que serão estabelecidas durante o desenvolver das atividades: alimentos doces, alimentos salgados, hábitos de higiene saudáveis após utilizar o banheiro, atitude de cortesia que se tem ao agradecer algo;
* unir objetos que tragam o mesmo sentido, mas em tamanhos diferentes;
* associar pessoas e alimentos, conforme as orientações dadas, ou seja, criar algumas seriações e sequências que serão alternadas conforme o desenrolar das atividades.

Na sala de aula com os blocos lógicos:
* explorar as peças dos jogos;
* solicitar que os alunos em grupos criem formas de organizar estas peças, descrevendo claramente a regra por eles estabelecida;
* propor um jogo de ordens, solicitar que cada grupo realize algumas separações como as sugeridas: separar todos os objetos amarelos, separar os objetos amarelos por forma geométrica, separar por espessura, tamanho, aos poucos serão introduzidas regras de separação e incluídos outras peças e cores;
* a atividade será desenvolvida a partir das orientações da professora e a observância da compreensão da proposta ou não por parte dos alunos.
            Ao término destas três atividades, os alunos irão receber fichas de papel com as imagens utilizadas e registrar o trabalho desenvolvido a partir do recorte e colagem destas, numa sequência por eles elaborado.

7. Recursos de apoio (por exemplo, tecnologia assistiva):
* sala de informática conectada a internet;
* CAA- Comunicação Aumentativa e Alternativa (recursos impressos e transformados em cartões/fichas que facilitem o manuseio);
* blocos lógicos.

8. Estratégias de acompanhamento da atividade:
            O professor será um participador ativo durante o desenvolvimento das atividades, pois estará ao mesmo tempo orientando e questionando os alunos sobre o trabalho que estão realizando, indagando-os sobre qual objeto que deve ser posto antes ou depois na tabela que estão preenchendo, esclarecendo noções de igualdade e diferença, demonstrando conceitos sobre espessura, cor, tamanho e exemplificando, deixando que os alunos manuseiem os objetos enquanto, paulatinamente, vai introduzindo os conceitos que devem sem trabalhados.

9. Observações:
            A presente proposta de trabalho está sendo pensada para uma classe de pré-escola com alunos entre cinco e seis anos de idade com e sem necessidades educativas especiais. Este trabalho foi escolhido, por observar a grande dificuldade que crianças nesta faixa etária demonstram para organizar-se espacialmente e compreender questões temporais: o que houve antes e o que houve depois, certamente este é um material rico que pode ser melhor explorado.

Interterritorialidade: mídias, contextos e educação

Célebre frase presente no nome de um livro escrito por diversas mãos e organizado por Ana Mae Barbosa e Lilian Amaral, falar em fronteiras do conhecimento na conjuntura atual é retroceder de forma indiscutível ao modelo educacional que apregoa o quadro de giz e a retórica docente, na qual apenas um é o sujeito que domina, determina e massifica o que deverá ser ensinado e consequentemente aprendido. Neste ínterim a escola tornou-se fomentadora da exclusão, seja, para aquela pessoa que possui todas as suas habilidades orgânicas em pleno funcionamento e alguma limitação cognitiva em virtude do não desenvolvimento, como para aquela pessoa que possui necessidades orgânicas, como baixa visão ou cegueira, problemas auditivos, motores, cognitivos, dentre outros.

            A exclusão perpetuou em nossas salas de aula de forma a fragmentar os conhecimentos, bem como as pessoas, os territórios foram criados em diferentes “departamentos” e o ato excludente solidificou-se o que precisamos é reverter este quadro tornando a escola, bem como a sociedade, um espaço que permita o respeito, o envolvimento e ação de todos os sujeitos sociais.

            Com base nesta visão de inclusão, realizaram-se diversas pesquisas, estudos, encaminhamentos e criação de programas para facilitar o envolvimento deste sujeito, que é diferente, mas ao mesmo tempo considerado cidadão e respaldando pelas leis, muitas vezes não valorizadas e ignoradas. Vivemos na era interterritorial onde o heterogêneo está em voga e como tal deve ser visto e previsto na prática educativa.

            Vejamos a seguir, alguns programas que buscam facilitar esta inclusão cultural e não meramente escolar, necessária por termos um histórico social excludente.  Esclarecendo estes fatores lançamos mão dos escritos de Santarosa (org.), ao destacar:

Hoje, a visão das necessidades especiais engloba um conjunto de aspectos que ultrapassa o antigo conceito de deficiente. Esta mudança da deficiência para a necessidade especial traz consigo a concepção de variabilidade humana e forja importantes deslocamentos. Do caráter permanente para o transitório, da visão de adaptar a pessoa deficiente para viver na sociedade para a inclusão, pela adaptação da sociedade com a superação das barreiras que impõem desvantagens para a efetiva participação de sujeitos com necessidades especiais em contextos socioculturais. (SANTAROSA- org. 2010, p. 20)

            Assim surgiram programas/recursos computacionais como:

* teclado colméia;

* pulseiras especiais;

* simuladores virtuais;

* teclados virtuais;

* DOSVOX (sistema operacional para pessoas cegas ou com baixa visão);

* virtual vision (leitor de telas);

* ampliadores de telas;

* teclado virtual para a escrita em libras;

* comunicação alternativa/aumentativa – pranchas.

            Estes são alguns exemplos de hardwares e softwares que existem para auxiliar na inclusão social, existem muitos outros específicos para cada necessidade especial, o que realmente falta são mediadores para auxiliar os PNEs a valer-se qualitativamente destes recursos.

Referências:
BARBOSA, Ana Mae; AMARAL, Lilian (org.). Interterritorialidade mídias, contextos e educação. São Paulo: Ed. Senac. Edições SESC São Paulo, 2008.
SANTAROSA, Lucila Maria Costi (org.). Tecnologias digitais acessíveis. Porto Alegre: JSM Comunicação Ltda, 2010.