segunda-feira, 13 de julho de 2009

Ser professor no contexto atual... reflexões


A sociedade da qual fazemos parte, destaca-se pela busca constante do conhecimento e pelas transformações que constituem nossa vida social e educacional, pensar nas diferentes formas e linguagens que constituem a educação é desafiador, por isto, será feita uma pequena aproximação de algumas das concepções educacionais dos mais diferentes pensadores e com os quais acredito que é possível ser e fazer a mudança.
Antes de pensar em formação, é de grande valia pensar no que um físico escreveu sobre a realidade na qual estamos vivendo, a partir deste ponto será pensado o contínuo processo de mudanças e aprendizagens na atualidade:
“As últimas duas décadas de nosso século vêm registrando um estado de profunda crise mundial. É uma crise complexa, multidimensional, cujas facetas afetam todos os aspectos da nossa vida – a saúde, e o modo de vida, a qualidade do meio ambiente e das relações sociais, da economia, tecnologia e política. É uma crise de dimensões intelectuais, morais e espirituais; uma crise de escala e premência sem precedentes em toda a história da humanidade. Pela primeira vez, temos que nos defrontar com a real ameaça de extinção da raça humana e de toda a vida do planeta.”(CAPRA, Fritjof. Ponto de Mutação. Círculo do Livro: São Paulo, 1982, p. 19)
O presente trecho foi extraído do livro Ponto de Mutação, que já possui quase três décadas desde seu lançamento, e nos alerta o quanto a vida esta alterando-se e como é necessário rever determinados padrões e agir de maneira consciente tanto no âmbito social, educacional/pedagógico e psicológico. Não seremos tão pessimistas em pensar que a raça humana está se extinguindo, mas é válido lembrar que as concepções morais e éticas estão se alterando.
Mas a principal questão se põe em voga é: como ser professor no século XXI? Simples, difícil, complexo? Sim e muito mais, é imprescindível estar em constante aperfeiçoamento, conhecendo as múltiplas teorias e leis que regem a educação, assim vamos falar sobre alguns pensadores e suas propostas à educação.
A epistemologia genética de Jean Piaget pode ser o ponto de partida para compreender que a educação é uma construção. Conforme as palavras do próprio pensador “a inteligência humana somente se desenvolve no indivíduo em função de interações sociais que são, em geral, demasiadamente negligenciadas” (Piaget, 1967).
Segundo o mesmo toda aprendizagem se dá através da construção, sendo grande parte do conhecimento construído através do esforço em compreender o mundo que o cerca dando-lhe significados, ou seja, constitui-se em um processo de organização, assimilação e adaptação dos conhecimentos na estrutura cognitiva. Esta proposta educativa busca desenvolver o ser humano em sua plenitude, passa por diferentes processos para interagir com o meio ambiente externo. Trabalha com o ser humano em um viés de totalidade, já está demonstrando que o conhecimento fragmentado está ultrapassado e a lógica de que o professor está “pronto” ao concluir algum curso de formação não existe mais.
Num segundo momento pode-se pensar em Lev Vygotsky, que desenvolveu uma teoria parecida sobre a mediação sócio-construtivista, nesta busca-se os princípios da integração ultrapassando as barreiras da individualidade, do egocentrismo, para admitir que seja no âmbito social que se faz o ato de aprender. Buscando a ação-reflexão contínua, oportunizando um ato educativo mais lúdico, dinâmico e significativo. Sua teoria visa à compreensão do ser humano como ser histórico, mediado pelas influências e compreensões sociais.
O ser humano cria signos (instrumentos internos que auxiliam na construção da aprendizagem) e significados para constituir seu ato aprendente. A aprendizagem se dá pelo sistema simbólico, e o fato de construir e reconstruir os sistemas simbólicos, faz com que o ser humano seja um ser histórico-social, pois ao criar sua cultura ele cria a si mesmo. Falar sobre o erro para Vygotsky é relacionar com a possibilidade de melhorar, por isto o ato interativo entre colegas pode ser o impulsionador de ideias e aprimoramento de conhecimentos. Vale lembrar do valor do brinquedo em sua teoria que cria zonas de desenvolvimento proximal, à medida que coloca a criança diante da vivência de situações cotidianas, bem como destaca que a aprendizagem da escrita inicia muito antes da escolarização. Conforme as palavras do próprio autor:
“A verdadeira comunicação humana pressupõe uma atitude generalizante, que constitui um estágio avançado do desenvolvimento do significado da palavra. As formas mais elevadas da comunicação humana somente são possíveis porque o pensamento do homem reflete uma realidade conceitualizada.” (Vygotsky)
Outro pensador que estudou a educação com uma ótica da construção popular, respeitando a historicidade tanto de crianças quanto jovens e adultos, foi Paulo Freire, suas ideias e propostas educacionais vão de encontro com a lógica de um professor aprendende, pois o mundo está em transformação e por isto o docente necessita estar mudando sua forma de trabalho constantemente. Quem aprende ensina e quem ensina aprende, o professor torna-se mediador, humilde e consciente de suas limitações. Conforme o próprio Freire, nós devemos pensar num novo professor, mediador do conhecimento, sensível e crítico, aprendiz permanente e organizador do trabalho na escola, um orientador, um cooperador, curioso e, sobretudo um construtor de sentindo. Sua proposta envolve tanto o ato social, político e de construção alfabetizadora popular.
Continuando com estas compreensões pode-se falar de Edgar Morin, que busca alguns saberes básicos para que o professor se constitua como ser aprendente, o saber é mutável e todo e qualquer educador deve transformar seus pontos de vistas conforme o mundo vai se alternando, é preciso tornar o conhecimento pertinente e significativo.
E enfim, uma autora que realiza um resumo claro de todas estas ideias é Tânia Marques, que nos convida a refletir sobre a importância do ato educativo: O quê? A quem? Para quê? Por quê? Ensinar. Tornando o trabalho do professor condizente com as necessidades dos educadores, sendo estes inclusos no âmbito social.
Estas foram algumas compreensões importantes obtidas através da visualização do vídeo “Ser professor no contexto atual”, considero que a prática educativa pela qual passo diariamente é um misto de dúvidas, análises e reformulações contínuas, sofro por não trabalhar de maneira atrelada a determinados conteúdos como o processo educativo exige, e sim, busca inter-ligar múltiplos saberes através do interesse que neles encontro e do significado social que eles possuem, considero as opiniões dos autores citados de grande valia, pois falar em aprendizagem é falar em mudanças, crescimentos e trocas, somos seres sociais e devemos estar comprometidos com a nossa aprendizagem, sendo esta alterável e contínua.
Jésica Hencke

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