sexta-feira, 7 de agosto de 2009

O SORRISO DE MONALISA

Padrões, tudo é ou deve ser padronizado? A beleza feminina foi padronizada, a educação foi regrada a partir de padrões comuns, as formas de ação social são padronizadas, de certa forma até ideias e pensamentos entram neste mesmo contexto, tudo vira modelo a ser seguido, tudo é padronizado!
Neste ínterim o que é arte? O que é apreciar a obra? Será que só o que foi socialmente delegado como belo e segue padrões pré-determinados é arte? Não! Acredito que arte não se define - se questiona, os padrões socialmente difundidos enaltecem uma determinada visão para a apreciação, ao meu entender, é preciso fugir do comodismo e mostrar que a arte ultrapassa regras e barreiras. O mundo é composto por expressões artísticas.
Não basta estar bem informado sobre uma obra e seu autor, é preciso olhar e ver, analisar o contexto, contemplar e se maravilhar.
Aí entramos no filme O Sorriso de Monalisa, como um dos personagens disse: “aparentar estar feliz, não define eventualmente felicidade”, conhecer técnicas e contemplar as obras de arte conforme os padrões da década de 50 regrada por normas ditatoriais, onde a perspectiva é pré-definida, talvez seja possível. Mas hoje há regras para se apreciar uma obra?
Os padrões que envolvem a apreciação, mudam conforme o mundo muda; mas isto me incomoda, precisamos seguir regras e formas para nos contemplar diante das maravilhosas criações artísticas?
Gosto e apreciação, às vezes se confundem quando afirmamos que gostamos de uma tela e não de outra, e caímos no senso comum quando dizemos que está é mais bela que outra, por apresentar formas regradas, trabalhar de forma técnica com luz e sombra e outra ser disforme, com “manchas e borrões”.
A tentativa da professora de História da Arte no filme foi sair daquele padrão difundido ano após ano e ver outras obras, de autores desconhecidos e não renomadas, instigando-os a pensarem que muitas coisas podem ser arte, depende do olhar de cada um.
E esta tentativa nos faz pensar em subversão, uma palavra bastante “dura” em plena década de 50, gerir a mudança, no pós-guerra é um trabalho árduo, pois o movimento midiático trabalhou em prol de fazer com que a “mulher” que tinha saído do lar para sustentar a família retorna-se e devolve-se seu trabalho ao esposo. Este também não é um movimento de retrocesso e submissão?
A guerra retirou o “homem” do lar e as mulheres tiveram que deixar seus filhos e realizar a manutenção social, quando a guerra acabou cada um deveria voltar a cumprir seus “papéis”. Isto não é tão simples, quando a mulher percebe que pode agir, interagir e transformar não necessita estar submissa aos homens.
Mas a educação, tentava manter um status quo, ultrapassado e arraigado a uma gama de informações impróprias e descoladas das mudanças que começam se ver presentes na sociedade. Pensando naquela professora dita “subversiva” tentar fazer o aluno pensar, compreender e agir a partir de suas inquietações e impressões é pôr em dúvida o modelo educacional vigente.
E a solução encontrada pela escola, não é bastante comum para nós? Quem tenta buscar a mudança, sair do estático e delegado ano após ano, incomoda, esta fora das regras e padrões estabelecidos?
Vivemos sob regras e padrões, será que a arte precisa se aprisionar a estes também?

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