sexta-feira, 7 de agosto de 2009

LEÕES E CORDEIROS

“Professores são vendedores de seus alunos para eles mesmos.” Uma afirmação que de antemão assusta, pensar no professor como vendedor, causa estranheza e espanto, o que certamente não deveria ocorrer, pois, a ação docente vende ideias, propostas, formas de pensar, ideologias. O professor, querendo ou não, influência pensamentos e atitudes, nem sempre o que se propõe a trabalhar é o que realmente se ensina e se aprende.
Ao unir três esferas de grande potencial social: governo, mídia e escola; foi possível realizar um diálogo de alto nível, mostrando como as relações são frágeis, o quanto uma envolve-se na ação da outra. Vejam bem as medidas governamentais justificam e evidenciam nossas ações, a mídia pode distorcer fatos, inverter noticias e agir de forma sensacionalista dando ênfase ao que mais lhe der audiência e, em contrapartida, temos a escola que também é uma formadora de opiniões, onde os alunos e professores necessariamente são bombardeados por esta gama de informações que transcorrem socialmente.
Vê-se o quanto à linha entre ética, bom senso e corrupção é tênue, são cordeiros que guiam leões, são sonhos e utopias desmantelados pelas injustiças e falta de oportunidade, a educação está em decadência e existem muitos problemas, se encontram muitos culpados; para amenizar as diferenças são abertas cotas para negros, hipossuficientes dentre outros nas universidades, temos o PROUNI que oportuniza o ingresso e exige que o aluno seja aprovado em todas as áreas, mas, e a qualidade também é garantida? Mesmo em cursos pagos sem pertencer às cotas, há qualidade?
Não sei, tenho muitas dúvidas quanto a isto, já vi muitos professores formados em universidades e faculdades de renome que não conseguem desenvolver um trabalho eficiente.
Vê-se que neste meio que mexe com sentimentos e emoções, onde se trabalha com o humano, tudo é instável, nada é garantido e muitas vezes como professores procuramos abordar determinados assuntos a partir de um texto e dentro deste os alunos encontram e enumeram muitos enfoques diferenciados dos quais nem havíamos percebidos e, certamente, saber lidar e aproveitar estas oportunidades gera aulas fecundas de ideias e opiniões, mas se torna difícil se não somos pesquisadores e questionadores contínuos.
De todos os filme sugeridos este foi o que mais me angustiou, e o qual tive mais dificuldades para analisar, talvez veja nele a representação de uma sociedade capitalista decadente em que o individualismo ultrapassa os “muros” do ser humano. Onde o comodismo destrutivo atrai muitos jovens sonhadores na expectativa de uma vida melhor? Em que as oportunidades são ínfimas a aqueles provenientes das classes subalternas; para aqueles que a oportunidade vem do berço, não as consideram significativas.
Quantas vezes o movimento midiático nos impulsionou a acreditar que a guerra era a única alternativa? E tantos cordeiros se escondem por detrás de fachadas, títulos e currículos repletos de “A” e, no que compele a vida não compreendem o social, se asfixiam em teorias e táticas, mas esquecem de olhar que há um mundo, falível, problemático, decadente?
Não podemos nos resignar, abaixar a cabeça e tudo aceitar. Precisamos, certamente, ultrapassar os muros de nossa própria consciência para então, mudar nossas atitudes em sociedade. O filme não tem uma reposta, ele simplesmente nos convida a pensar e repensar neste modelo social e educacional vigente.
Pensar numa relação entre mídia, política, estética e ética dentro deste contexto, é transpor um olhar para o que procura-se vender como produto certo, correto e única opção, escondendo o verdadeiro jogo de poder que se estabelece por detrás disto.

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