quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Mãos... apenas mãos!


A ideia deste vídeo surgiu, a partir da leitura de um texto literário, que realiza uma fala simbólica sobre o sentido das mãos, aquelas que nos ajudam a vir a vida, outras que seguem nos cuidando, alimentando e encaminhando para a inclusão social, assim como nossos pés possuem significações importantes, nossas mãos desenham em suas palmas nossa história:

[...] Um par de mãos me tirou do útero de minha mãe ao nascer, outro trocou minhas fraldas, me alimentou, me nutriu, outro ainda me ensinou a ler e escrever. Agora, outros pares de mãos cultivam minha comida, entregam minha correspondência, coletam meu lixo, fornecem-me eletricidade, protegem minha cidade, defendem minha nação. Um par de mãos cuidará de mim e me confortará quando eu ficar doente de velha, e, por fim, outro par de mãos me levará de volta à terra quando morrer. (HUNTER, James C. O Monge e o Executivo, Rio de Janeiro, Sextante, 2004, p. 86-7)

            Acostumamos-nos tanto a estar “completos” fisicamente que acabamos sem dar importância devida àquelas partes que são imprescindíveis a nossa vida, pensar em pés como suporte e sustentação, pensar em mãos como possibilidade de acolhimento, entrega e apoio, assim vai constituindo-se paulatinamente os “nuances do EU” este ser em repleta estruturação e transformação, a cada segundo, sente, inova, sofre e ressignifica-se. Partindo dos pressupostos da física é capaz de curvar-se e voltar ao estágio natural, tem o poder da resiliência, mesmo que na vida pensamos que exista apenas uma narrativa, vejamos bem se somos capazes de reinventar nossa história construindo diferentes narrativas.

            O vídeo... Mãos, apenas mãos? - tem a intenção inicial de chamar a atenção para uma parte física, estruturalista e simplória do ser humano, dando-lhe um novo papel, o de ser uma instituição que pensa, sente e interage, demonstrando que entramos em contato com o mundo exterior a partir de dois pequenos membros alicerçados para nossa vida, da mesma maneira refletir como o mundo foi pensado para quem possui todos os membros superiores e inferiores e as dificuldades passadas por quem não os possui.

            São apenas ideias que vão tomando formas, num passeio pela sala de aula, registrando momentos das atividades dos alunos, vislumbra-se o valor excessivo dado as mãos e o quase esquecimento do restante do corpo, como se fossemos seres isolados e compartilhados, no sentido de partes, fragmentos, pedaços e noções isoladas.

            Será que não nos aproximamos, aqui, dos principais impasses da modernidade, que propôs separar arte de ciência, emoção de razão, não seria pensar o ser humano como membros isolados comandados por um “computador central” (cérebro), sem que estes fossem interligados?  

            Há muitas cogitações, pensamentos e aproximações, mas será que compreendemos quem é este EU?

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