Horizonte,
desafio e conquistas, tendo o pôr do sol como a possibilidade de um novo
nascimento, uma nova maneira de envolver-se e libertar-se das inseguranças,
alçar voos e ir à busca dos sonhos, observando o céu que se transforma em
lindos raios alaranjados dizendo que a vida ainda mantém-se por detrás das dúvidas,
angústias e temores.
Apagar-se,
destituir-se de sua personalidade, aprisionar-se, despir-se de perspectivas e
lutas é nisto que o medo nos põe, num mundo sem forma, sem cor, sem estrutura
apenas inanição e maldade, um estágio de autoflagelação e autodegradação.
Mas,
contra tudo isto existe a capacidade de mudar, transformar e sair do estágio de
anestesia que deixa tudo amortecido e pôr-se diante do ato de estesia que
configura a capacidade de apreciar, sentir prazer, amar.
Na
natureza a beleza é transcendental não necessita que lhe seja dito como
crescer, germinar, produzir flores e frutos, seus ciclos, giros e alternâncias
ocorre em perfeita e harmoniosa sintonia, porém, a degradante humanidade não
aceita esta perfeita disposição e tenta em uma fugaz ação prejudicar esta dança
que não possui medo nem mortalhas.
Falar em medo
é acreditar que somos incapazes, que estamos num mundo vil e nos sentimos
desamparados em meio a todas as atrocidades, é também acreditar que podemos
ultrapassar este limiar que constitui o medo e nos possibilita chegar ao
nirvana, a liberdade, que difere de individuo a individuo. Estar com medo é
propulsor de desafiar os próprios limites.
Tratar do medo
como objeto concreto e possibilidade de intervenção artística são desafiador,
pois se vislumbra este sentimento de forma concreta, no qual os objetos criados
artisticamente valem-se de pequenas formas unidas em contextos distintos, ou
seja, une-se o horizonte real da natureza com a ideia de um buraco negro em
processo giratório que suga o ser humano e busca aprisioná-lo, raptá-lo de sua
vida e guiá-lo a uma morte da sensibilidade e da razão, tornando-o amarrado em
suas inseguranças e nostalgias diárias, impossibilitando-o de sonhar e almejar
novas conquistas.
O
objeto na bolsa seria uma união da beleza do pôr do sol que caminha para a
escuridão do buraco negro, feita com arames retorcidos e fragmentos humanos de
gesso, tecido e papel, que desdobram-se em formas inumanas, tendo luz e cor
enquanto os últimos raios solares atingem os fragmentos humanos e passam a
desenrolar-se num caminho escuro, com marcas de dor, sangue, desafios
impossíveis de conquistar, acidentes e injustiças, ou seja, toda a mazela
humana.
O objeto da
bolsa seria um tecido maleável onde estariam presas formas humanas, espaços
ambientais que assolam a humanidade, palavras que causam nostalgia e
engessamento dos músculos e da face fazendo o humano estremecer, este tecido
possuiria ramificações que descem a ideia de redemoinhos, onde somos sugados e
de onde não conseguimos sair enquanto mantivermos nossa mente aprisionada as
inseguranças e temores diários, poder-se-ia colocar uma imagem de um cérebro e
deste saindo todas as ideias esquizofrênicas e preocupações que nossa mente
engendra antes de acontecerem de fato, se possível fosse, colocar-se-ia uma
música tocando que demonstrasse a calma até o pavor, começando em toques lentos
e indo aos poucos aumentando de intensidade causando certo constrangimento a
quem ouve.
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