Falar em medo,
não como engessamento, mas enquanto possibilidade de superação dos obstáculos
que nos são impostos diariamente, desde o ato de tocar o pé no chão ao levantar
da cama e impulsionar o corpo para fora deste recinto que nos acolhe e nos
cobre com sua maciez, tentando suavizar a dor e as inseguranças que existem ao
nosso redor. Para com o corpo erigido superar mais um dia, apesar das lágrimas
contidas no olhar, da mente que nos leva a navegar mares improváveis e
desoladores, das injustiças, discórdias e temores.
Vislumbrar o medo como um limitante
do horizonte, possível de ser superado, trata-se de compreender que em meio às
adversidades ainda conseguimos superar a linha tênue da sanidade x insanidade e
erguer-nos e agarrar-nos a vida, retirando-se da melancolia depressiva que as
quedas diárias nos arrastam.
Apesar de ver corpos em
desmantelamento, quando chegar ao fim de uma etapa sempre há a possibilidade de
um recomeço, sendo este a probabilidade de superação, desenvolvimento e
aprendizagem.
Se não formos capazes de compreender
o medo como um obstáculo superável, certamente iremos acreditar que só somos
capazes de chegar neste ponto e dele não passaremos, assim constituiremos vidas
infelizes, pessoas medíocres e saturadas da própria existência, porém sem
coragem de dar um giro e modificar sua realidade.
Enfim, o objeto da bolsa é uma
proposta surreal para articular os meus temores enquanto sujeito aprendente e
social, num constante diálogo com minhas inseguranças, ignorâncias e temores,
pois dei-me conta de que a existência pela qual luto entra em conflito com
aquilo que acredito. Acreditar é o primeiro passo para ter coragem e ousadia de
mudar, apesar dos temores nos envolverem de forma a sugar nossa vida, sempre há
a possibilidade de resiliência, ou seja, somos capazes de recomeçar quantas vezes
forem necessárias, mesmo que para isto tenhamos que juntar nossos pedaços.
Sentir medo e compreendê-lo é o
primeiro passo para lutar por nossos sonhos e crenças, certamente assim seremos
uma metamorfose ambulante de aprendizagens, conquistas e conhecimentos, apesar
de existir um buraco negro que nos suga, do outro lado há luz que nos guia a
novas conquistas.
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