sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Os percalços do caminho

Nenhum caminho de fato é isento do contato humano, principalmente por vivermos na era do consumismo, do descaso e dês-responsabilidade, caminhamos diariamente pelos mesmos trajetos, para ir de encontro a nosso trabalho, ou apenas para acessar novos e já conhecidos lugares. Caminhamos sobre calçamentos que retratam os efeitos do uso e do tempo, ouvimos ruídos e jamais definimos os pássaros que ali cantam, os transeuntes que passam ao nosso lado, os automóveis em velocidades extremas e o lixo, tão silencioso a nosso ver e tão barulhento em dias de vendavais e temporais.
            Somos uma enorme população mundial, e não damo-nos conta do uso indiscriminado e da produção exponencial de bens de consumo obsoletos, descartamos tudo o que consideramos desnecessários, independente de seu estado de uso, porém onde os descartamos?
            Em lixões a céu aberto? Aterros sanitários quase inexistentes? Usinas de reciclagem? Será que separamos os resíduos em nossas casas/apartamentos? E assim continuamos a contaminar nossos solos de onde provém o sustento alimentar, nossas águas que estão se extinguindo de maneira assustadora, e continuamos aquém a todo este quadro prejudicial e pejorativo, colocamo-nos perante a visão de superioridade e esquecemos que somos organismos vivos orgânicos e dependentes deste planeta.
            Os percalços do caminho foi um momento de observar através da lente de uma câmera digital o trajeto percorrido todos os dias por um sujeito social e ver de outra forma estes passos, a instabilidade da natureza e o descaso da mão humana, que sem dó nem piedade lança seus excrementos a céu aberto como se o lixo fosse sua própria extensão corpórea.
            Tendo todos estes dilemas, a intervenção em sala de aula alterou-se, realizou-se apenas uma das intenções previstas, montou-se o vídeo, foi observado, analisado, e resolveu-se gravar mini-documentários auditivos para alertar sobre esta problemática, sendo que dois deles fora colocado no vídeo original. Num momento posterior, procurar-se-á dar encaminhamento as ideias originais, o que vale deste movimento é a desestabilização causada nos educandos instigando-os a verem o seu entorno com novos olhos, olhos não mais míopes e sim límpidos e conscientes deste mundo mutável e finito.   Assim acreditamos que a arte surge como possibilidade de reflexão e análise dos dilemas, com o intento de desestabilizar e tirar cada sujeito do lugar comum e crente no qual engessa muitas vezes seus pensamentos e sentimentos, instigando a rever o que de fato acredita estar vendo.

Um comentário:

  1. Realmente Jéssica, ações em relação a estes problemas devem ser cada vez mais contantes em nossas vidas, pois cada um é responsável pelo futuro e cada ação gera uma cadeia de acontecimentos que repercutem em todo o meio em que vive. Vivemos na era do descarte...se não pararmos para rever tudo isto, quem será descartado em breve somos nós mesmos. Abraços

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